A surdez é uma condição de
privação sensorial que mesmo sendo detectada precocemente por especialistas,
acarreta uma restrição no desenvolvimento da criança, tanto no que se refere
aos aspectos afectivos (com a mãe) e sociais (informações do meio em que vive),
como também nos seus aspectos linguísticos (falta ou demora na aquisição de uma
língua), levando a prejuízos nos processos de integração social, comunicação e
no próprio desenvolvimento de linguagem. O atraso de linguagem por sua vez,
pode levar a dificuldades em determinadas áreas da cognição, de aprendizagem e
nas suas relações sociais e emocionais.
Os diferentes graus de perdas
auditivas (leve, moderada, severa e profunda), são necessariamente factores
determinantes em relação às consequências no desenvolvimento da criança e
obrigarão à actuação do terapeuta da fala.
O papel do terapeuta da fala em
relação à criança deficiente auditiva abrange tanto a área da saúde como a área
educacional.
Os principais objectivos da
terapia da criança surda visam o desenvolvimento da língua oral (englobando
fala e voz) e a aquisição da linguagem, levando-se em conta o facto da surdez
ter surgido no período pré ou pós linguístico. Sabendo-se disto, serão
definidos mais especificamente os objectivos da terapia com a pessoa portadora
de deficiência auditiva.
Verificam-se as seguintes alterações:
Voz
Alteração das qualidades vocais pela ausência de feed-back auditivo.
Fala
Alteração miofuncional dos órgãos fono-articulatórios, ocasionada pelo pouco ou
nenhum uso destes para a fala, prejudicando desta forma a produção adequada dos
fonemas da língua oral.
Linguagem
Atraso dos processos linguísticos e/ou cognitivos devido a falta ou demora na
exposição e aquisição de uma Língua.
O Planeamento Terapêutico deve ter os seguintes aspectos fundamentais:
- Educação
auditiva: Detecção, discriminação, memória e análise e síntese auditiva dos
diferentes sons, com utilização do Aparelho de Amplificação Sonora Individual
(AASI);
- Articulação:
Desenvolver actividades que pretendam desenvolver a percepção
fonémica/fonológica da língua oral através de estímulos auditivos, visuais,
tácteis, cinestésicos e o desenvolvimento da leitura oro-facial, de acordo com
a metodologia;
- Voz:
Proporcionar um melhor controlo e produção oral através da adequação do registo
vocal, timbre, intensidade e duração da vocalização;
- Linguagem:
A estimulação da fala e da linguagem deve ser vivenciada em situações
contextualizadas, interessantes para o surdo e nas quais seja privilegiada a
função e o uso da Língua Oral;
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