Bem - Vindo ao Meu Espaço

Olá a todos!

Sou terapeuta da fala desde 2008 e desde então que exerço o que para mim é a melhor profissão do mundo!

Trabalho em diferentes contextos:

🏡Domiciliar (grande Porto);

💻Sessões por videochamada;

🏣Clínica;

Sou uma profissional em constante formação. Sou mestre em psicopatologia da comunicação e linguagem, pós-graduada em comunicação, linguagem e fala e formada nos 3 níveis de processamento auditivo central. Além disso, participo em várias formações de curta duração nas temáticas da linguagem oral e escrita, em perturbações dos sons da fala e autismo.

A minha grande paixão é a área da linguagem oral e escrita e por isso participo regularmente em formações para educadoras de infância e professores do 1º ciclo.

Neste blog poderá consultar os principais sinais que poderão requerer uma intervenção profissional, bem como os métodos e soluções atualmente utilizadas no âmbito da Terapia da Fala.

Se tiver alguma dúvida ou desejar marcar uma consulta de avaliação, não hesite em contactar-me. 📩

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Escrita



O desenvolvimento da linguagem verbal e escrita está dependente da quantidade e qualidade de estímulos a que a criança está exposta (Lentin, 1990). 
       A linguagem escrita, segundo Zorzi (1998), é um sistema simbólico que aparece no decorrer do desenvolvimento da linguagem oral. Aparece então um segundo sistema simbólico que se divide num subnível receptivo (leitura) e num subnível expressivo (escrita) (Sim-sim, 1997). Ler e escrever são conhecimentos que não podem ser reduzidos ao facto de dominar letras, descodificá-las, ou traçá-las. É necessário também conhecer as diversas funções que a linguagem escrita assume em termos sociais e as variadas formas em que é usada (Zorzi, 2003). Só se pode afirmar que ma criança sabe verdadeiramente ler quando sabe fazer a descodificação grafema-fonema e quando consegue compreender o que está a ler.     
       Num dado momento da vida de uma criança, começa-se a evidenciar situações formais de ensino cujo objectivo é a aprendizagem da leitura e da escrita. Normalmente, as propostas de alfabetização têm como finalidade expor a criança, sistematicamente, a um determinado método para desenvolver a escrita. A alfabetização consiste num domínio de uma “mecânica” onde se aprende a codificar sons em letras para poder escrever e letras em sons para poder ler. Uma vez que a escrita não é mais do que uma transcrição da oralidade, torna-se importante que a criança ouça bem para que fale bem e daí escreva bem (Zorzi, 1998).
       A escrita é vista como uma representação simbólica, correspondendo à aquisição de uma nova língua. Esta não se desenvolve espontaneamente e necessita de recorrer ao ensino formal para desenvolver competências relacionadas com a extracção de significado de cadeias gráficas (leitura) e com a produção de cadeias gráficas dotadas de significado (expressão escrita). Estas competências, embora distintas, relacionam-se constantemente com as da linguagem oral, nomeadamente, as competências ao nível da compreensão oral, ao nível da expressão oral, bem como com as competências relacionadas com a progressiva consciencialização e sistematização do conhecimento implícito do uso da língua (Sim-sim, 1997). 
Dada a complexidade deste sistema, observa-se um processo de apropriação gradual pela criança. As crianças são aprendizes activos e não passivos, pois constroem conhecimentos e transformam a língua escrita num objecto de conhecimento. Estas fazem simplesmente uma assimilação das informações que o meio nos fornece. Aprender a escrever não se limita a associar letras e sons ou a fixar a forma das palavras, mas sim corresponde a um processo de conceitualização da linguagem.
       É fundamental saber e entender o processo gradual de construção do sistema ortográfico e as dificuldades a ele inerentes. Este conhecimento possibilita uma perfeita distinção entre dificuldades da aprendizagem e distúrbios da aprendizagem. No que diz respeito aos distúrbios da aprendizagem torna-se importante saber o que é disortografia e disgrafia, daí as seguintes definições:
  •  Disortografia- consiste num “(…) conjunto de erros de escrita que afectam a palavra mas não o seu traçado ou grafia” (Garcia Vida, 1989, cit in: Torres & Fernández). Quando se fala em disortografia dá-se importância à aptidão para transmitir o código linguístico falado ou escrito por meio de grafemas ou letras correspondentes, respeitando a associação correcta entre os sons e as letras, as pecularidades ortográficas de algumas palavras em que essa correspondência não é tão clara, e as regras de ortografia. Muitas vezes os erros ocorrem porque as crianças cometem erros na fala (ex. substituições de sons) e estas alterações podem.se reflectir na escrita. Pois no inicio as crianças escrevem exactamente como falam. Portanto, muitas vezes é necessário resolver o problema de linguagem verbal para que as crianças deixem de dar erros na escrita. Nesta alteração muitas vezes o Terapeuta da Fala tem um papel importante em termos de intervenção. 
  •  Disgrafia- este conceito é abordado em dois contextos: o contexto neurológico relativo às afasias e a abordagem funcional da disgrafia. No primeiro estão incluídas as agrafias que constituem uma manifestação da afasias e implicam anomalias do grafismo, as quais representam, de certo modo, equivalentes articulatório da linguagem. No segundo trata-se de perturbações da escrita que surgem em crianças, e que não correspondem a lesões cerebrais ou problemas sensoriais, mas a perturbações funcionais. Estas são mais fáceis de tratar do que as que têm um substrato neurológico, e são por isso mais susceptíveis de intervenção. Disgrafia é, no fundo, uma perturbação do tipo funcional que afecta a qualidade da escrita do sujeito, no que se refere ao traçado ou à grafia (Torres & Fernandez, 2001). Nesta alteração o Terapeuta da fala não é o profissional com competências para ajudar estas crianças. 



segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Prematuridade



Hoje é o dia mundial da prematuridade, 17 de Novembro e por isso recolhi algumas informações sobre os bebés prematuros e o seu desenvolvimento e como o Terapeuta da Fala os poe auxiliar na primeira fase da vida destas crianças

O bebé que nasce com menos de 37 semanas de gestação (36 semanas e 6 dias) é considerado prematuro, ou pré-termo. 

O prematuro pode ser classificado de acordo com a idade gestacional, sendo o prematuro limítrofe aquele nascido entre 37 e 38 semanas; moderado nascido entre 31 e 36 semanas e prematuro extremo aquele nascido entre 24 e 30 semanas de idade gestacional.

Quanto ao peso de nascimento, denomina-se os bebês com menos de 2kg como baixo peso, muito baixo peso os com menos de 1,5kg e extremo baixo peso aqueles com peso menor que 1kg.

Características do prematuro:

  • Geralmente tem baixo peso ao nascer
  •  Pele fina, brilhante e rosada
  • Veias visíveis
  • Pouca gordura sob a pele
  •  Pouco cabelo
  • Orelhas finas e moles
  •  Cabeça desproporcionalmente maior do que o corpo;
  •  Musculatura fraca e pouca atividade corporal;
  • Poucos reflexos de sucção e deglutição
Causas do parto prematuro:
  • Gravidez múltipla;
  • Idade avançada da mão;
  • Problemas genéticos;
  • Excesso de líquido amniótico;
  • Excesso de esforço;
  • Alterações placentárias;
  • Infecções;
  • ....
Problemas que podem surgir em crianças prematuras :

  • Problemas respiratórios, cardiovasculares, digestivos e neurológicos;
  • Infecções; 
  • Paralisia cerebral;
  • Deficiência auditiva e/ou visual;
  • Problemas de aprendizagem;
  • Atrasos de desenvolvimento da linguagem;
  • ...
Terapeuta da Fala e crianças prematuras:
  •  Incoordenação de sucção e deglutição; 
  • Utilização de sonda gástrica; 
  • Sucção fraca; 
  • Falhas respiratórias e /ou durante a alimentação;
  •  Reflexo de vómito exagerado e episódios de tosse durante alimentação; 
  •  Irritabilidade severa ou problemas comportamentais durante a alimentação; 
  • subnutrição; 
  • História de pneumonias; quando existir preocupação com aspiração;
  •  letargia durante a alimentação;
  •  Período de alimentação mais longo que 30 – 40 min;
  •  Vómitos, refluxo nasal, refluxo gastroesofágico; 











quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Preparação de uma criança do ensino pré-escolar para o 1º ciclo


Com a chegada do inicio do ano lectivo, resolvi durante as próximas semanas dedicar a escrever informações relacionadas com a aprendizagem.

Li um artigo extremamente interessante sobre a preparação para a passagem das crianças do ensino pré-escolar para o 1º ciclo. Este é um tema um pouco controverso, pois existem várias teorias, sendo que a maioria atualmente acredita que o ensino pré-escolar não deve ser formal como o 1º ciclo. Muitas vezes há a ideia que as escolas pré-escolares que preparam melhor os alunos são aquelas em que há um ensino formal das letras, leitura, escrita números, grafismos o que não é verdade. Neste artigo há a desmistificação de alguns mitos acerca deste assunto. 

6 MITOS (de que se fala) sobre a preparação de uma criança no JARDIM DE INFÂNCIA para a ESCOLA PRIMÁRIA (recolhidos pela MUNDOS DE VIDA). 

Os primeiros cinco anos de vida de uma criança são críticos. A sua relação e as suas primeiras experiências com o ambiente que a rodeia vão influenciar o desenvolvimento do cérebro, criando conexões neuronais que vão constituir a base para o desenvolvimento da linguagem, o raciocínio, a resolução de problemas, o comportamento e o seu bem-estar emocional - características que vão determinar, futuramente, o sucesso da criança na escola e na vida.

Existem, no entanto, alguns MITOS (de que se fala) sobre o papel que o Jardim-de-Infância deve ter na preparação da criança para a Escola Primária, que é bom esclarecer: 

MITO 1 – Ensinar o alfabeto todo é fundamental para preparar uma criança para a escola primária.
VERDADE: Não é assim. Aprender o alfabeto não é realmente fundamental. Aos cinco anos seria, sobretudo, reflexo de uma memorização precoce. É mais importante que as crianças saibam reconhecer as letras e identificar os seus sons. 

MITO 2 - As crianças precisam saber contar até 50, antes de entrar para a escola primária.
VERDADE: Não é assim. Embora seja importante que as crianças entendam a ordem dos números, é mais importante que entendam a correspondência de 1 para 1 (que cada número contado corresponde a um objeto, a uma pessoa, …) e compreendam a noção de quantidade.

MITO 3 – Quanto mais coisas a educadora ensinar à criança, melhor.
VERDADE: Não é assim. As crianças entendem melhor os conceitos quando são elas próprias que estão envolvidas, ativamente, na exploração e na aprendizagem, em vez de tudo lhes ser dito por alguém. O papel da educadora e dos adultos é mais o de estar perto a estimular e a guiar, de forma intencional, a sua aprendizagem. 

MITO 4 - Quanto mais a estrutura do programa de um Jardim-de-Infância se parecer com o programa da Escola Primária, mais uma criança fica melhor preparada. 
VERDADE: Não é assim. Uma criança pequena aprende melhor num ambiente onde pode escolher a área onde quer brincar, onde possa selecionar os próprios materiais, pelo menos numa parte do dia, e onde lhe é dada liberdade para tentar fazer coisas novas, com o apoio da educadora que a orienta na sua aprendizagem e nas suas descobertas. 

MITO 5 - As crianças precisam de estar caladas na sala para aprender melhor.
VERDADE: Não é assim. As crianças pequenas precisam de um ambiente onde se fale bastante, rico de palavras, onde os adultos criam interações para elas poderem desenvolver a linguagem e aprender novas palavras.

MITO 6 – Para aprender a escrever, deve saber desenhar todas as letras.
VERDADE: Não é assim. Embora aprender o desenho da letra tenha valor, para uma criança pequena, o mais importante é entender que se pode fazer o registo das ideias no papel. Quando uma criança faz alguns rabiscos e diz: "este é o meu pai", ou quando escreve o seu nome num desenho, a criança começa a fazer, realmente, as associações significativas entre a palavra falada e a palavra escrita.

Em síntese:

Nem sempre saber “mais e mais cedo” é o melhor. Mais do que ensinar "matérias escolares" para preparar a criança para a escola primária, o que é mais importante no jardim-de-infância é dar à criança oportunidades de explorar e fazer as suas experiências num ambiente onde a educadora e os adultos assumem o papel de alguém que apoia, guia e ajuda, com intencionalidade, a expandir a sua própria aprendizagem. 

E se é verdade que um Jardim-de-Infância deve ajudar na transição, também não é menos verdade que a Escola Primária (o que nem sempre acontece ou da melhor forma) deve dedicar as primeiras semanas do primeiro ano

para apoiar a criança e os seus pais na transição, ajudando-a a criar rotinas e sentir-se segura, numa nova etapa da sua vida, apresentando-se, desde o primeiro dia, como uma "escola amiga da família".

Fonte: curiosos

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Atuação do terapeuta da fala na deficiência auditiva


A surdez é uma condição de privação sensorial que mesmo sendo detectada precocemente por especialistas, acarreta uma restrição no desenvolvimento da criança, tanto no que se refere aos aspectos afectivos (com a mãe) e sociais (informações do meio em que vive), como também nos seus aspectos linguísticos (falta ou demora na aquisição de uma língua), levando a prejuízos nos processos de integração social, comunicação e no próprio desenvolvimento de linguagem. O atraso de linguagem por sua vez, pode levar a dificuldades em determinadas áreas da cognição, de aprendizagem e nas suas relações sociais e emocionais.

Os diferentes graus de perdas auditivas (leve, moderada, severa e profunda), são necessariamente factores determinantes em relação às consequências no desenvolvimento da criança e obrigarão à actuação do terapeuta da fala.

O papel do terapeuta da fala em relação à criança deficiente auditiva abrange tanto a área da saúde como a área educacional.

Os principais objectivos da terapia da criança surda visam o desenvolvimento da oralidade (englobando fala e voz) e a aquisição da linguagem, levando-se em conta o facto da surdez ter surgido no período pré ou pós linguístico. Sabendo-se disto, serão definidos mais especificamente os objectivos da terapia com a pessoa portadora de deficiência auditiva.

Verificam-se as seguintes alterações:

  •  Voz:: Alteração das qualidades vocais pela ausência de feed-back auditivo.
  • Fala: Alteração miofuncional dos órgãos fono-articulatórios, ocasionada pelo pouco ou nenhum uso destes para a fala, prejudicando desta forma a produção adequada dos fonemas da língua..
  • Linguagem: Atraso dos processos linguísticos e/ou cognitivos devido a falta ou demora na exposição e aquisição de uma Língua.

Planeamento Terapêutico deve envolver os seguintes aspetos aspetos
:
*Educação auditiva: Detecção, discriminação, memória e análise e síntese auditiva dos diferentes sons, com utilização do Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI).

*   Articulação: Desenvolver actividades que pretendam desenvolver a percepção fonémica/fonológica da língua  através de estímulos auditivos, visuais, tácteis, cinestésicos e o desenvolvimento da leitura oro-facial, de acordo com a metodologia.

*   Voz: Proporcionar um melhor controlo e produção oral através da adequação do registo vocal, timbre, intensidade e duração da vocalização.

*   Linguagem: A estimulação da fala e da linguagem deve ser vivenciada em situações contextualizadas, interessantes para o surdo e nas quais seja privilegiada a função e o uso da oralidade. 

terça-feira, 9 de julho de 2013

Trissomia 21 e a linguagem


O Trissomia 21 é uma patologia (alteração) congénita que causa um atraso no desenvolvimento físico e inteletual, podendo aparecer em qualquer família, em pais de qualquer faixa etária, raça, religião ou estrato social, tanto no primeiro filho como em irmãos (Lapa, 2002).

Na fase da divisão celular, quando se distribuem os cromossomas, uma das duas novas células recebe um cromossoma n.º 21 extra, e as outras células não. Todos os outros pares de cromossomas distribuem-se correctamente, excepto o par 21. Esse erro de distribuição cromossómica pode ocorrer em qualquer célula, na época da sua divisão. A gravidade e as consequências deste dependerão da época em que ele ocorre, pois todas as células derivadas de uma célula com Trissomia 21, isto é, com 3 cromossomas do par 21, terão também Trissomia 21. (Lefére, 1981)

 A Trissomia 21 pode resultar de vários fatores como a idade da mãe superior a 35 anos, fatores hereditários, processos infecciosos como a hepatite a rubéola, administração indevida de fármacos, entre outros.

Características Físicas
  • Olhos com posição oblíqua
  • Cara redonda
  • Protrusão da língua
  • Atraso na erupção dentária
  • Mandíbula pequena
  • Pescoço curto
  • Hipotonia muscular
  • Orelhas pequenas
  • Mãos e pés largos com dedos curtos
  • Espaço entre o 1º e 2º dedo
  • Pele cianosada
  • Baixa estatura
 Características Cognitivas

As crianças com Trissomia21 comparadas com outras crianças portadoras de deficiência mental apresentam maiores défices em aspectos como:

·         Capacidade de discriminação visual e auditiva (principalmente quanto à discriminação da intensidade da luz);
·         Reconhecimento táctil em geral e de objetos a três dimensões;
·         Cópia e reprodução de figuras geométricas;
·         Rapidez perceptiva (tempo de reacção).

Dificuldades na Linguagem
Está provado que o desenvolvimento da linguagem em crianças com Trissomia 21 sofre um atraso considerável relativamente às outras áreas de desenvolvimento. Por outro lado, existe um grande desajustamento entre os níveis compreensivo e expressivo. (Santos, 1991)


Ao nível da Compreensão, a evolução de uma criança com Trissomia 21 é paralela à de uma criança “normal”, embora atrasada em relação ao tempo e dificultada pelos défices que apresentam em aspectos particulares da organização do comportamento. Ao nível da Expressão, estas crianças são frequentemente afectadas por dificuldades respiratórias (a má organização do processo de respiração que, muitas crianças com deficiência mental apresentam, agrava-se nas crianças com Trissomia 21, pela frequente hipotonicidade e fraca capacidade para manter e prolongar a respiração), perturbações fonatórias (implicam alterações no timbre da voz, que aparece grave, de timbre monótono, por vezes gutural), perturbações da audição (os estudos feitos indicam uma incidência de perdas auditivas que variam de ligeiras a moderadas, pelo que a capacidade auditiva, sem estar gravemente alterada é inferior ao normal), perturbações articulatórias (produzidas pela confluência de vários factores: hipotonia da língua e lábios, malformações do palato, inadequada implantação dentária, imaturidade motora, etc.) e pelo tempo de latência da resposta demasiado prolongado (Cuberos et al, 1993).

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Respiração oral e Terapia da Fala


A respiração nasal é fundamental para o crescimento e desenvolvimento adequado do complexo craniofacial do indivíduo, ao promover o funcionamento adequado das restantes funções estomatognáticas.  As principais funções do nariz são: filtração, aquecimento e umidificação do ar inspirado. A filtração do ar e a proteção das vias aéreas inferiores são realizadas pelos pelos, função ciliar e ação química bactericida do muco. Os cornetos nasais, são uma das partes internas do nariz, regulam o fluxo respiratório com o aumento do seu volume. O aquecimento do ar é garantido pela irrigação de calor e a umidificação é fornecida pelo contato do ar com o líquido seroso existente na cavidade nasal, com a secreção lacrimal e com o muco que adere partículas estranhas. Essas funções condicionam o ar que chega aos pulmões.

Apesar de todas as vantagens referidas anteriormente e a tendência fisiológica para a respiração nasal, nem sempre é possível que esta ocorra principalmente durante a infância.



As principais causas da respiração oral e mista são as seguintes:
  •  Desvio do septo nasal;
  • Hipertrofia das amígdalas,  adenoides e cornetos nasais;
  • Rinite alérgica;
  • Sinusite;


A obstrução nasal determina a respiração oral, isto porque a respiração nasal não é eficaz por isso é necessário arranjar uma alternativa. Este tipo de respiração poderá trazer em alguns casos crónicos, alterações morfológicas da coluna vertebral, do esqueleto facial, do palato e das arcadas dentárias. Com a diminuição do espaço transversal da maxila, as fossas nasais perdem em largura. Com o aumento da profundidade do palato, as fossas nasais perdem em altura, o que torna a respiração nasal mais complicada.

Algumas alterações que ocorrem nos respiradores orais:
  1.               Diminuição do paladar do olfato;
  2.   Menor rendimento físico e intelectual;
  3.  Cansaço frequente;
  4. Agitação, ansiedade;
  5.  Baba noturna;
  6.   Preferência por alimentos pastosos;
  7.  Mastigação ineficiente;
  8.   Deglutição atípica e com ruído;
  9.   Imprecisão articulatória;
  10. Face alongada;
  11.  Lábios constantemente entre abertos;
  12.   Lábios secos e com cor alterada;
  13.  Gengivite;
  14. Tendência à formação de caries;
  15. Alterações de oclusão;
  16. Palato (céu da boca) fundo e estreito;
  17. Tensão do músculo do queixo;
  18. Apinhamento dentário;
  19. Alterações na articulação temperomandibular (ATM);
  20.  (…)


Um indivíduo com respiração oral não tem que apresentar todas estas alterações. Habitualmente apresenta algumas destas alterações mas o mesmo individuo não apresenta todas as alterações descritas em cima.


Respiração oral e a Terapia da Fala

O respirador oral necessita de uma abordagem multidisciplinar, é necessário uma equipa de vários profissionais: pediatra, otorrinolaringologista, terapeuta da fala, dentista entre outros profissionais dependendo do caso. Antes do Terapeuta da Fala iniciar a intervenção com estas crianças esta deve ser avaliada pelo otorrinolaringologista, para este descartar alguma causa orgânica, pois se existir é necessário resolver (amigdalectomia, adenoidectomia…). Depois da causa orgânica estar resolvida muitas vezes o paciente continua a ser respirador oral, não por uma obstrução nasal, mas sim pelo hábito.

Neste caso o Terapeuta da Fala, como é o profissional responsável pela motricidade orofacial e tem como principal objetivos propiciar a harmonia das funções estomatognáticas (respiração, fala, mastigação, deglutição e sucção), promovendo um equilíbrio miofuncional. Então, o Terapeuta da Fala tem um papel importante na reabilitação dos respiradores orais.
O tratamento do respirador bucal, baseia-se na reeducação da musculatura oral, pois se não o hábito residual poderá persistir. Assim, segundo Marchezan (1994) refere ser a terapia o foco para a aprendizagem do "uso do nariz", sem esquecer que se deve orientar sempre a família.
A primeira etapa do tratamento é de esclarecer ao paciente e à sua família o que é a respiração oral, mostrando os padrões adequados. Portanto, trabalha-se a consciencialização, para depois se trabalhar o sistema sensório motor oral e as funções do sistema estomatognático, respeitando sempre a individualidade do paciente. São utilizados pelo o terapeuta da fala inúmeros métodos para trabalhar todas as falhas destes pacientes.


quarta-feira, 3 de julho de 2013

Perturbação fonética vs Perturbação fonológica


Uma das perturbações mais comuns em crianças são as alterações na produção dos sons da fala (fonemas). Esta é principal causa que leva os pais a uma avaliação do seu filho em Terapia da fala. Muitas vezes a criança com 4/5 anos apenas omite o fonema /l/ (lápis, papel, cola), noutros casos a criança substitui e omite muitos fonemas o que torna o seu discurso ininteligível.
Existem dois tipos de perturbações que as crianças ou mesmo adulto não articulam corretamente os sons da língua, que muitas vezes são confundidas e na realidade têm tempo de intervenção muito diferentes.

 Perturbação fonética
Neste tipo de perturbação os erros que os pacientes cometem são consistentes, isto é, ocorrem sempre da mesma forma, são previsíveis (ex. a criança nunca articula o som /l/.. ou distorce o som /s/).
O paciente apenas apresenta dificuldade em articular determinados fonemas. Pois ele sabe que o fonema existe mas não o consegue articular corretamente. Muitas vezes estas dificuldades articulatórias têm uma origem anatómica, isto é, as estruturas fonoarticulatórios apresentam alguma alteração (má oclusão dentaria, freio da língua curto). Nesses casos é bom perceber qual é o problema que está subjacente ao problema articulatório. Mas nem em todos os casos de perturbação fonética existe alguma alteração a nível anatómico.
Estas perturbações normalmente têm um tempo de intervenção mais rápido, pois o paciente tem consciência do som, só necessita de aprender a articula-lo corretamente e depois automatizar no seu discurso espontâneo.
Atualmente, acompanho 2 pacientes com este tipo de perturbação, num dos casos a criança tem 6 anos e não articula o fonema /r/ em nenhuma posição da palavra (cara, comer, prato, carne). Portanto, omite este som o que faz que também omita este som quando está a ler um texto, foi neste momento que o ‘professor percebeu e indicou que a criança tivesse intervenção em Terapia da Fala. Neste caso a criança deveria ter iniciado a terapia antes de ter iniciado o ensino básico.

Perturbação fonológicos
Considera-se uma perturbação fonológica quando os erros que o paciente apresenta não são consistentes, isto é, quando não ocorrem sempre da mesma forma. (diz /saca/ em vez de /faca/ e diz /cama/ em vez de /fama/, por isso não articula o som /f/ mas substitui o /f/ por sons diferentes).
A perturbação fonológica é considerada um problema de linguagem, manifestado pelo uso ina­dequado, observado na fala, das regras fonológicas características do sistema usado pelos falantes adultos da língua. Uma alteração na aquisição fonológica indica dificuldades potenciais a diversos níveis, como a discriminação de sons, o reconhecimento de contrastes fonológicos (ex. f/v) e das representações desses contrastes no léxico (ex.faca/vaca), a modi­ficação dos sons que são padrões na fala, em razão do uso inadequado das regras fonológicas e a arti­culação imprecisa, entre outros fatores.
A perturbação fonológica é manifestada pela severidade e ininteligibilidade da fala em graus va­riáveis, causada por problemas de fala com indi­cação de terapia da fala.

Características fonológicas

A maioria das crianças com distúrbios fonológicos têm um sistema fonológico semelhante ao das crianças que não têm este problema, em alguns casos também podem apresentar processos fonológicos que não são observados regularmente durante o desenvolvimento. É preciso destacar que se espera uma certa sequência e velocidade no desenvolvimento fonológico, embora cada criança desenvolva a sua linguagem de uma forma particular.
Muitas vezes, as crianças com este tipo de perturbações têm um sistema fonológico que obedece a regras que nem sempre são as previstas na língua. Portanto, possuem várias limitações no uso das re­gras fonológicas e não formam um grupo unifor­me. A maior parte das crianças com distúrbio fonológico usa processos fonológicos semelhantes aos da criança em desenvolvimento típico, mas também pode usar processos únicos e que não são comuns no desenvolvimento. O uso de processos idiossincráticos (não obser­vados no desenvolvimento típico) pelas crianças com distúrbio fonológico é pequeno tanto no número de ocorrências quanto no número de crianças que o apresentam. Além disso, os sujeitos que utilizam pro­cessos fonológicos idiossincráticos fazem- no de forma conjunta com os processos fonológicos de desenvolvimento.
Uma das principais preocupações dos terapeutas da fala é a grande possibilidade das crianças com diagnóstico tardio de perturbação fonológica apresentarem dificuldades no processo de alfabetização. O encaminhamento precoce para o terapeuta da fala diminui o risco de ocorrência de dificuldades na aprendizagem da leitura e da escrita, as quais estão diretamente relacionadas ao processamento fonológico, que envolve a consciência fonológica.
Atualmente, acompanho diversos casos de perturbações fonológicas, sendo que umas são bastante mais graves que outras. Nestes casos as crianças normalmente conseguem articular corretamente todos os sons do Português, mas não os utilizam no local correto. O exemplo de algumas palavras de uma criança que acompanho com 5 anos /neca/ em vez de /mesa/, /paiaco/ em vez de /palhaço/, /choada/ em vez de /joana/, /nado/ em vez de /dado/, /naiz/ em vez de /nariz/, /gato/ em vez de /rato/….).


Normalmente o tempo de acompanhamento terapêutico é bastante mais prolongado em crianças com este diagnóstico comparativamente com as crianças com perturbações fonéticas. Isto acontece porque na intervenção é necessário trabalhar a reeducação so sistema fonológico (exercícios de discriminação auditiva, memória auditiva, consciência fonológica) e depois é necessário um processo de automatização dos fonemas nos locais corretos. 

sexta-feira, 3 de maio de 2013

reabilitação vocal

Reabilitação vocal em laringectomizados totais


O objectivos da reabilitação vocal após uma laringectomia total é a restauração da comunicação oral do indivíduo, permitindo que ele se reintegre nas suas funções sociais e, sempre que possível, na sua vida profissional. (Behlau et al, 2005)
Para isso existem 3 possibilidades:
  • Uso de prótese electrónica — Laringe electrónica;
  • Voz esofágica;
  •  Uso de prótese fonatória — Voz traqueoesofágica

Importa realçar que qualquer que seja a opção de reabilitação, para além da questão vocal propriamente dita, o terapeuta da fala deverá também trabalhar os aspectos articulatório dos sons da fala, em função da qualidade vocal do indivíduo laringectomizado total. (Lourenço, 1999, cf. Behlau et al, 2005)

Comunicação com voz traqueoesofágica

As dificuldades encontradas em numerosos doentes para conseguir a voz esofágica e as limitações sociais que tal provocava, levaram a que alguns médicos e terapeutas criassem novas soluções para o problema.

Assim, actualmente, as próteses fonatórias além de serem uma alternativa de comunicação após a laringectomia total, podem ser indicadas nos casos de insucesso da voz esofágica.
Estas próteses consistem numa válvula unidireccional. Para inseri-las é necessário que se efectue cirurgicamente uma fístula traqueoesofágica.

Denomina-se voz traqueoesofágica em função do uso do ar que é desviado da traqueia para o esófago.
A voz é produzida pelo bloqueio digital da saída do ar pulmonar pelo traqueostoma, direccionando, assim, o ar expiratório para a fístula que, por sua vez, o conduz ao esófago, a partir de onde será trabalhado pelos articuladores e ressoadores do aparelho fonador.

A emissão é bastante semelhante à de um excelente falante esofágico, com a vantagem da utilização do ar pulmonar, o que favorece um tempo de emissão mais longo, semelhante aos falantes normais.

Há maior encadeamento da fala e melhor inteligibilidade.

A criação da fístula traqueoesofágica pode ser realizada no momento da laringectomia total — procedimento primário; ou após a cirurgia, num segundo momento — procedimento secundário.

A produção vocal é praticamente imediata, sendo que a qualidade vocal e as habilidades gerais de comunicação melhoram com a prática.


Vantagens:
- Maior rapidez no restabelecimento da comunicação sonora,
- A frase tem o mesmo comprimento que o conseguido com a voz laríngea,
- Possibilidade de falar ao telefone,
- A voz produzida é grave podendo confundir-se com uma voz disfónica,


Desvantagens:
- A escolha de uma prótese de manipulação própria exige um bom controlo manual e visual, assim como a aceitação desse manuseamento
- As outras próteses tornam o doente totalmente dependente do médico quando a substituição se torna necessária (porque a pataleta que auxilia a sua introdução é cortada). (Behlau e tal,2005)



terça-feira, 30 de abril de 2013

Atuação do Terapeuta da fala em crianças surdas



A surdez é uma condição de privação sensorial que mesmo sendo detectada precocemente por especialistas, acarreta uma restrição no desenvolvimento da criança, tanto no que se refere aos aspectos afectivos (com a mãe) e sociais (informações do meio em que vive), como também nos seus aspectos linguísticos (falta ou demora na aquisição de uma língua), levando a prejuízos nos processos de integração social, comunicação e no próprio desenvolvimento de linguagem. O atraso de linguagem por sua vez, pode levar a dificuldades em determinadas áreas da cognição, de aprendizagem e nas suas relações sociais e emocionais.

Os diferentes graus de perdas auditivas (leve, moderada, severa e profunda), são necessariamente factores determinantes em relação às consequências no desenvolvimento da criança e obrigarão à actuação do terapeuta da fala.

O papel do terapeuta da fala em relação à criança deficiente auditiva abrange tanto a área da saúde como a área educacional.

Os principais objectivos da terapia da criança surda visam o desenvolvimento da língua oral (englobando fala e voz) e a aquisição da linguagem, levando-se em conta o facto da surdez ter surgido no período pré ou pós linguístico. Sabendo-se disto, serão definidos mais especificamente os objectivos da terapia com a pessoa portadora de deficiência auditiva.
Verificam-se as seguintes alterações:
Voz
Alteração das qualidades vocais pela ausência de feed-back auditivo.
 
Fala
Alteração miofuncional dos órgãos fono-articulatórios, ocasionada pelo pouco ou nenhum uso destes para a fala, prejudicando desta forma a produção adequada dos fonemas da língua oral.

Linguagem
Atraso dos processos linguísticos e/ou cognitivos devido a falta ou demora na exposição e aquisição de uma Língua.


O Planeamento Terapêutico deve ter os seguintes aspectos fundamentais:
  • Educação auditiva: Detecção, discriminação, memória e análise e síntese auditiva dos diferentes sons, com utilização do Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI);
  •   Articulação: Desenvolver actividades que pretendam desenvolver a percepção fonémica/fonológica da língua oral através de estímulos auditivos, visuais, tácteis, cinestésicos e o desenvolvimento da leitura oro-facial, de acordo com a metodologia;
  •  Voz: Proporcionar um melhor controlo e produção oral através da adequação do registo vocal, timbre, intensidade e duração da vocalização;
  •  Linguagem: A estimulação da fala e da linguagem deve ser vivenciada em situações contextualizadas, interessantes para o surdo e nas quais seja privilegiada a função e o uso da Língua Oral;


segunda-feira, 22 de abril de 2013

Cancro de laringe- Tratamento



O tratamento desta patologia pode ser feito de diversas formas, variando de caso para caso de acordo com vários factores .
Assim, poderão surgir três modalidades que, de uma forma isolada ou combinada, contribuem na luta contra a expansão do tumor: Cirurgia, radioterapia e quimioterapia. 

Cirurgia
O tratamento cirúrgico indicado para o cancro da laringe é a laringectomia, na qual todo ou parte deste órgão é removido.

No primeiro caso a cirurgia denomina-se laringectomia total, enquanto que o segundo se refere às laringectomias parciais.

Laringectomia total
O procedimento de laringectomia total implica a remoção de toda a estrutura cartilagínea da laringe, músculos e outras estruturas nela contidas (Pinho, 2001). Em decorrência da remoção da laringe a traqueia passa a ser suturada definitivamente ao pescoço, diminuindo o tracto respiratório (começa na traqueia e não no nariz). Desta forma, passam a existir, no pescoço, apenas as estruturas referentes ao aparelho digestivo: hipofaringe e esófago (ambos dissociados das estruturas da respiração) (Pinho, 2001). O paciente necessita de ter um contacto directo entre o ar exterior e a traqueia para respirar, assim o cirurgião cria uma abertura permanente designada por traqueostoma ( Thomas & Keith, 2005).
A remoção total da laringe implica a independência das vias aérea e digestiva. Assim, após a laringectomia, há uma modificação dos caminhos de condução do ar e da alimentação: a inspiração do ar passa a ser feita pelo traqueostoma.

Os aparelhos respiratório e digestivo tornam-se separados e independentes.


Principais alterações após laringectomia total: 



Fisiológicas:
- alteração da via respiratória;
- traqueostomia permanente;
- afonia (deixar de ter voz)
- diminuição do olfato e paladar
- diminuição da atividade motora do ombro, braço e pescoço.
 Psicossociais: 
- alteração da auto estima
- alteração da imagem corporal
- alteração da comunicação - alteração das atividades sociais.

sábado, 20 de abril de 2013

Cancro de laringe




O cancro da laringe corresponde, em todo o mundo, a 1 - 2% de todos os tumores (Parker, Tong &- Bolden , 1997, citado por Behlau, 2001). Este é considerado o mais comum dentro dos da cabeça e pescoço (Ward e van As-Brooks, SD e Behlau, 2001). Anualmente são diagnosticados aproximadamente 12.500 casos desta neoplasia. Essa incidência está a aumentar gradativamente nos EUA. Actualmente encontra-se em torno de 10 casos/100.000 habitantes. É predominante no sexo masculino e na sexta a sétima décadas. Menos de 1% dos casos ocorrem em idades inferiores aos 30 anos. 

Este tipo de diagnóstico pode ser destruidor para o paciente e para a sua família, no entanto, quando é feito e tratado precocemente oferece ao indivíduo boa sobrevida (Belhau, 2001). Apesar de tudo, nos casos em que o tratamento inclui a Cirurgia, o doente depara-se com sequelas irreversíveis e de grande impacto psicossocial, sobretudo na laringectomia total: perda da voz laríngea, factor importante da identidade pessoal, traqueostoma permanente, mutilação evidente, entre outras alterações (Morente & Torres, 2004, Behlau, 2001).

Todas as pessoas acima de 40 anos que apresentem rouquidão progressiva há mais de 1 mês necessitam de uma investigação com exame detalhado da laringe para esclarecimento do diagnóstico. Isso é ainda mais importante se o paciente for fumador de longa data. Os médicos devem estar sempre atentos às queixas de de dor ou dificuldade a engolir, sendo nesses casos obrigatório o exame da faringe e esófago.

. Etiologia
A neoplasia laríngea tem maior incidência em homens de idades superiores a 50/60 anos (Behlau, 2001). Embora não seja possível demonstrar nenhum factor etiológico totalmente responsável, a associação entre o aparecimento da patologia e a permanência de alguns hábitos pessoais, como o consumo de álcool e tabaco, parecem ser os maiores causadores desta patologia.

Também exercem influências alguns produtos tóxicos (benzopirenos e asbesto), deficiências alimentares múltiplas, determinadas doenças ocupacionais, vírus do Papiloma Humano (HPV) (principalmente os do tipo 16, 18 e 33) e laringites crónicas (por refluxo ou por mau uso e abuso vocal). Acredita-se que o que ocorre é uma complexa interacção destes vários factores. (Barros, 2000)

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Voz dos professores e factores ambientais



A voz em determinadas profissões (cantores, actores, padres, advogados, juízes, jornalistas, locutores de rádio, operadores de telemarketing, , políticos, professores e.t.c) representa um dos principais instrumentos de trabalho, e, neste caso, torna-se fundamental ter o conhecimento sobre a produção vocal bem como sobre os cuidados necessários para manter uma voz saudável. Dentro destas profissões estão os professores.

Sabe-se da grande incidência de alterações vocais em professores, que, muitas vezes, interferem na prática diária de transmitir os conteúdos através da voz. A causa de tais alterações, na maioria das vezes, está relacionada com o mau uso e/ou abuso vocal. Os professores têm um grande uso vocal e utilizam-se da voz durante toda a época de trabalho sem ter o conhecimento de como produzir uma voz sem esforço e de maneira eficaz. Comportamentos abu­sivos como falar durante muito tempo, falar alto para superar o ruído da sala de aula, numa postura inadequada, com voz abafada, presa na garganta, utilizando um padrão respiratório inadequado, e hábitos inadequados como ingestão de pouco liquido, uso de pastilhas para a garganta, etc., são características frequentemente encontradas entre os professores e que levam ao aparecimento de disfonias funcionais. Logo, é necessário que estes sejam orientados e treinados para uma prática vocal adequada que os possibilite transmitir a mensagem sem que haja desconforto ou esforço vocal. As orientações dizem respeito aos hábitos de higiene vocal que promovem o conhecimento de con­dutas vocais preventivas de maneira a evitar o surgimento da disfonia.

Os professores que mesmo sentindo sinais de cansaço vocal, continuam a leccionar e a forçar excessivamente a voz sem tomarem nenhuma precaução acabam por desgastar ainda mais a sua voz chegando algumas vezes a afonias, isto é perda total da voz, o que pode levar à finalização precoce da carreira.

Os principais sintomas vocais que sinalizam um problema de voz em professores são: cansaço e esforço a falar, falhas na voz ao final do dia ou da semana, rouquidão, pigarro, voz mais grave e perda dos tons agudos, ardência ou secura na garganta, dor ao falar, sensação de garganta arranhada, falta de volume e projecção, pouca resistência ao falar…

São inúmeras as causas e factores relacionados com o aparecimento da disfonia em professores tais como: factores físicos e ambientais, uso incorrecto da voz factores psicoemocionais, factores intrínsecos, hábitos vocais inadequados e.t.c. Muitos destes factores podem ser alterados pelos professores mas para isso é necessário que estes estejam alertados para esta problemática.

Só recentemente os factores ambientais estão a ser valorizados como um elemento importante na saúde vocal dos professores. Embora no passado o foco de intervenção fosse o professor e a técnica vocal, na última década foi se reconhecendo que há aspectos que dependem do professor na sala de aula, da sua técnica ou da sua personalidade (aspectos esses, muitas vezes, os principais responsáveis por um problema vocal). Há aspectos relacionados sobretudo ao ambiente no qual a actividade lectiva se desenvolve. Eles são inúmeros e incluem desde o projecto arquitectónico da sala de aula, os materiais utilizados na construção até a disposição das salas de aula e o espaço para circulação.

Os ruídos externos (barulho do recreio, dos corredores, das outras salas de aulas ou da rua) e internos (ventiladores, ranger de carteiras, crianças barulhentas) é o factor ambiental mais preponderante para o aparecimento de desgaste vocal. Estes devem ser observados e minimizados quando interferirem no uso equilibrado da altura da voz do professor, ou seja quando o professor falar mais alto para sobrepor a sua voz aos ruídos existentes na sala para que os alunos o possam ouvir convenientemente. Deve-se tentar minimizar esses problemas para que o professor não tenha a necessidade de competir com os outros sons, assim este não irão precisar de falar alto e não esforçam tanto a sua voz.

Também se tem que ter em conta as diferentes realidades da sala de aula. Pois os problemas ambientais e o uso que os professores fazem da voz não são iguais em todo o tipo de professores. Existe uma grande diferença entre os educadores de infância, os professores primários, os professores do básico e secundário, os professores universitários e os professores de educação física. Todos estes educadores trabalham em condições bastante diferentes e com alunos diferentes o que influencia os problemas que estes têm e a melhor forma de os resolver. Mesmo do mesmo tipo de ensino também se tem quer ter em conta se o professor lecciona numa escola antiga ou moderna pois as condições acústicas são diferentes.

Algumas das fontes de barulhos mencionadas em cima podem tentar ser combatidas pelos professores. Quando as escolas têm uma má acústica vai acontecer que o ruído das salas ao lado vai incomodar o professor e também os alunos. Assim os professores tendem a utilizar comportamentos vocais errados como falar alto, gritar e a utilização de uma voz mais estridente para que a sua voz consiga superar os ruídos externos. Em vez disto os professores devem utilizar outras estratégias:

  • Incentivar as crianças e os outros professores a falarem com uma voz normal e não gritarem;
  • Minimizar os ruídos fechando portas e janelas que estejam virados para o recreio ou corredores com barulhos de vozes ou máquinas;
  • Colocarem na sala algum mobiliário para que não exista tanto eco;
  • Retirar cortinas grossas e tapetes da sala de aula pois estes abafam a voz;
  • Colocar os alunos mais barulhentos na parte da frente da sala;
  • Locomover-se pela sala de aula, para assim poder ser ouvido mais facilmente, evitando falar mais alto quando os alunos estiverem inquietos;
  • Não falar virado para o quadro para não abafar o som;
  • Modifique os ruídos do ambiente desligando ou reduzindo as rotações do ventilador quando não estiver tanto calor;
  • Procure controlar os ruídos de conversa dos alunos sem gritar . O grito não impõe respeito, só demonstra que   o professor perdeu a paciência, alem de provocar um enorme desgaste vocal, com atrito intenso das cordas vocais;
  • Estabeleça alguns sinais de alerta ( como bater palmas, utilizar um apito ou bater com algum objecto sobre a mesa)  para calar a turma. Ou fique em silencio de forma a chamar a atenção aos alunos de uma forma indirecta;
  • Dispor os alunos de uma forma mais agrupada, colocar os alunos que fazem mais barulho na parte dianteira da sala de aula;
  • Quando as salas são muito grandes e com muitos alunos é conveniente o uso de um microfone para ajudar a projectar a voz mais facilmente;
  • Organizar  actividades onde falar não é envolvido como ouvir música e usar gravações e vídeos sempre que for possível;
  • Os professores devem ter aulas de colocação de voz;