Bem - Vindo ao Meu Espaço
Olá a todos!
Sou terapeuta da fala desde 2008 e desde então que exerço o que para mim é a melhor profissão do mundo!
Trabalho em diferentes contextos:
🏡Domiciliar (grande Porto);
💻Sessões por videochamada;
🏣Clínica;
Sou uma profissional em constante formação. Sou mestre em psicopatologia da comunicação e linguagem, pós-graduada em comunicação, linguagem e fala e formada nos 3 níveis de processamento auditivo central. Além disso, participo em várias formações de curta duração nas temáticas da linguagem oral e escrita, em perturbações dos sons da fala e autismo.
A minha grande paixão é a área da linguagem oral e escrita e por isso participo regularmente em formações para educadoras de infância e professores do 1º ciclo.
Neste blog poderá consultar os principais sinais que poderão requerer uma intervenção profissional, bem como os métodos e soluções atualmente utilizadas no âmbito da Terapia da Fala.
Se tiver alguma dúvida ou desejar marcar uma consulta de avaliação, não hesite em contactar-me. 📩
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
A importância do período pré-linguístico
O primeiro ano de vida do bebé representa um período muito importante para o desenvolvimento da linguagem, embora durante ele a criança possa não ter ainda pronunciado uma única palavra. Este período que alguns autores designam de pré-linguístico tem a função de estabelecer toda uma rede de pré-requisitos fundamentais para que a criança possa mais tarde usar a língua materna. É no período pré-linguístico que se desenvolve a intencionalidade comunicativa, sendo que esta é um pré-requisito essencial para o desenvolvimento das competências de interacção, de comunicação e consequentemente para a aquisição e desenvolvimento da linguagem.
O período pré-linguístico representa não só uma fase essencial do desenvolvimento como a única fase reconhecida como sendo universal no desenvolvimento linguístico da criança. Isto significa, por um lado, que é uma fase mundialmente descrita nos mesmos parâmetros, independentemente dos códigos linguísticos e das culturas pertencentes aos inúmeros países. Isto também significa que um bebé surdo de nascença, passará por esta fase de desenvolvimento praticamente nos mesmos moldes. Além disso, esta é a fase onde se notam menos diferenças interindividuais.
O processo de discriminação auditiva inicia-se muito precocemente quando o bebé com poucas semanas já é capaz de distinguir a voz da mãe das restantes vozes humanas.
Nas primeiras oito semanas de vida, o recém-nascido tem a sua comunicação extremamente reduzida. Ele só tem à sua disposição o choro reflexo, já que é através dele que terá as suas necessidades atendidas pelos pais, seja o frio, a fome, a dor, etc. Este comportamento é desprovido de qualquer tipo de intencionalidade, tratando-se apenas de actos reflexos, no entanto, a mãe sobreinterpreta essa intenção. O bebé chora porque tem fome, dor ou desconforto, no entanto, não o faz com o intuito de afectar os outros, ou seja, é desprovido de intencionalidade (Yoder et al, s/d). Deste modo é de salientar a importância das respostas contingentes por parte da mãe, pois permite ao bebé começar a perceber que os seus comportamentos produzem uma reacção na mãe.
Para além do choro, o bebé produz sons vegetativos ou guturais (sons fisiológicos), nomeadamente, espirros, soluços, suspiro, tosse, e.t.c. Estes sons estão intimamente ligados às funções básicas de vida e incluídos como parte integrante de rotinas repetidas frequentemente ao longo do dia. Eles podem igualmente como o choro, serem objecto de interpretação, ou seja, serem descodificados como portadores de uma mensagem reflexa. Tanto os sons guturais como o choro preparam os órgãos fonoarticulatórios à passagem do ar, o que tem um aspecto estimulante na futura produção da fala.
Da oitava à vigésima semana, o bebé torna-se mais responsivo, ou seja, menos reflexo. Ele começa a saber manifestar a sua satisfação, o seu bem-estar, o seu gosto pela companhia dos seus interlocutores. Nesta fase é possível observar-se os primeiros sorrisos e produções caracterizadas por sons muito semelhantes aos arrulhos dos pombos, o chamado palreio, o que consiste numa cadeia de sons vocálicos, particularmente sequências de [o], e sons consonânticos, principalmente [g] e [k].
Tanto o sorriso como o palreio representam um passo significativo no processo interactivo. Com efeito, é por meio do palreio que se manifesta o domínio da regra básica da interacção comunicativa, denominada pegar a vez ou turn-taking, começando assumir um papel activo na comunicação, tomando a sua vez, interpretando o seu papel e aprendendo que cada um tem um papel complementar.
Nesta fase a mãe deve assegurar que a sua interpretação dos sons produzidos pelo bebé corresponda verdadeiramente ao estado de espírito de bebé. Uma interpretação concreta da parte do adulto leva o bebé a sentir-se compreendido, a ter confiança na eficácia da sua comunicação e a ter padrões de expressão que ele poderá também descodificar e compreender pouco a pouco nos outros. Nesta etapa as rotinas diárias são muito importantes, pois vão fornecer as bases para a primeira aprendizagem semântica. Não é que o bebé vá logo produzir ao nível semântico, mas vai ter oportunidade de atribuir, através do adulto, uma primeira denominação dos objectos que a rodeiam.
Ao palreio segue-se a transição para a lalação. Esta transição é caracterizada pela produção de segmentos silábicos isolados em que o som vocálico ou consonântico são exageradamente prolongados e acompanhados de variações de intensidade e tom. Trata-se de uma espécie de jogo que exige algum controlo vocálico, prepara a vocalização
Dentro da lalação o balbucio é uma fase muito importante que se inicia por volta do quinto, sexto mês e que permanece até ao oitavo ou nono mês. Nesta fase o bebé inicia o processo de imitação de sons. O balbucio não é uma verdadeira forma de linguagem, uma vez que não possui o propósito de comunicação, mas uma actividade lúdica no nível sensório-motor. Nesta fase a criança ainda não tem a intenção de comunicar.
A estrutura reduplicada consoante/vogal, caracterizada da lalação, dá lugar a produções de não reduplicação. A partir desta altura as produções do bebé aproximam-se cada vez mais de palavras, registando-se, em alguns casos, a existência de proto-palavras. Por proto-palavras entende-se a utilização consistente, por parte da criança, de uma cadeia fónica para designar um objecto ou uma situação, sem correspondência ao léxico do adulto. È também nesta altura que se regista a ocorrência de sequencias de sons com variações de acentuação e padrões de entoação diversificados.
Após esta fase aparecem as primeiras palavras, sendo que para muitos autores é nesta fase que acaba o período pré-linguístico e começa o período linguístico.
Então o desenvolvimento da função denominativa se dá quando a criança exprime suas vontades e desejos por meio das palavras, como naná, papá, mamá?
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